domingo, julho 25

HISTÓRIAS DEBAIXO D`ÁGUA E AS BOAS RECORDAÇÕES

Todas as ocasiões que se vivem são únicas "porque não há volta" ninguém consegue vive-las, jamais da mesma forma, assim como um corpo nunca se banha na mesma água.
Embora alguns mergulhos tenham sido repetidamente semelhantes, outros houve que pela sua peculiaridade, ocasionalmente, deixaram marcas indeléveis na memória das recordações, sem fotografias para partilhar.

Recordo agora dois:

- No Mar Vermelho nunca há nuvens que façam sombra. Recordo que uma vez estando a mergulhar pelos vinte a trinta metros, repentinamente fez-se sombra vinda da superfície. Impossível de imaginar… só se fosse uma embarcação à vela porque a motor ter-se-ia ouvido o som dos seus motores. Virei-me e, espanto… vi um enorme cardume de Jamantas a passar; cada uma delas com uma envergadura de quatro ou cinco metros, sabendo-se que podem atingir os oito metros e três tonaladas de peso. Inofensivas porque são planctónicas e só intimidam pelo seu tamanho.


- Na Ilha de S. Miguel a poucos metros passou por cima de nós um enorme cardume de barracudas cujas dimensões, algumas, deveriam ultrapassar um metro e meio, sabendo-se que podem atingir um metro e oitenta. Intimidadoras como uma alcateia que passa à procura da sua verdadeira presa. Estas sim, são verdadeiramente perigosas.
       
Outra interessante recordação na Ilha de S. Miguel: Aquando do 3º Encontro Nacional de Mergulho, três dos nossos continentais, sorrateiramente foram à caça, para a ponta W da Ilha. Já tinham sido avisados pelos locais que por ali apareciam tubarões e que essa actividade não era a mais recomendável para aquele local. Os três teimosos foram caçar. Caçaram até se cansarem mas, em dado momento, começaram a ver os peixes capturados, pendurados nas bóias, partidos ao meio. Ouvi dizer que só tiveram tempo de fugir e largar todo o equipamento que perderam. 
    

quarta-feira, julho 21

HISTÓRIAS DEBAIXO DE ÁGUA


No dia 5 de Junho de 1992 ocorreu um mergulho muito espacial, único por nunca mais se ter repetido.
Encontrava-se em Portugal, no âmbito da colaboração da Nato, um Helicóptero das forças armadas Belgas, com pessoal especializado em salvamentos no Mar do Norte, (a coisa aí é muito feia, ouvi dizer) com doze tripulantes a bordo, mais ou menos, idêntico aos EH-101 Merlin, que Portugal possui agora nas suas Forças Armadas.
Uma semana antes fui convidado por um Sargento do Grupo de Salvamento, dos helicópteros Puma, da Base Aérea de Montijo, o Sérgio, meu amigo e companheiro do mundo submerso, para os acompanhar num mergulho a efectuar em local ainda não especificado e que seria oportunamente escolhido consoante as condições meteorológicas e as minhas possíveis referências, porque o primeiro e o segundo comandantes, por mero exercício, queriam conhecer os fundos submarinos de Portugal.
Fui escolhido para ser o guia turístico submarino.
Foi marcada a partida para as nove horas da manhã do dia acima indicado, com todo o equipamento de mergulho no hangar dos helicópteros da Base Aérea nº 6 de Montijo. Fui no carro do sargento para não ter que justificar a minha entrada na porta com todos os inconvenientes de revista e autorizações que já estavam dadas a nível de comando.
Pontualidade militar e, exactamente à hora prevista estava o helicóptero a levantar voo, inicialmente com rumo às Berlengas, Farilhões ou Estelas mas, à última hora, a previsão meteorológica era desfavorável para esses lados. Por conhecimento referi que o mar a Sul, para o Algarve podia estar melhor. Assim foi. Rumámos ao Algarve. O Local escolhido foi a pedra do Cajado a pouca distância de Sagres e onde eu já tinha mergulhado, indo de barco. É uma Pedra que sobressai do mar, com cerca de vinte metros do nível do mar, da profundidade de trinta metros e que se situa a cerca de duas milhas náuticas a W de Sagres, assim chamada porque tem essa configuração.
Chegados ao local, cerca de quarenta e cinco minutos depois da partida e já estávamos a ser colocados no mar pelo guincho do helicóptero que nos deixou ficar e foi reabastecer-se ao aeroporto de Faro.
Findo o mergulho com quatro mergulhadores, durante trinta minutos, quando emergimos já o helicóptero se estava a aproximar do local. Fomos içados pelo guincho, voltámos a Faro para cumprir formalidades militares mas, quando eram 17,00h., já eu estava em casa a lavar o material e a prepará-lo para a próxima submersão.
Em termos normais, cogitava eu, teria sido um dia para ir, outro para ficar e o terceiro para voltar. Resumindo em cerca de oito horas fizemos um mergulho que teve o receptivo conveniente de os tripulantes do helicóptero belga jantarem lagosta portuguesa. 
Falta-me encontrar esses slides que um dia próximo vou publicar no blogue "AS MINHAS FOTOGRAFIAS.