segunda-feira, março 1

PORTUGAL E ESPANHA




..."Em crise, Portugal discute "absorção" pela Espanha.

Para a maioria dos portugueses, país cresceria mais se pertencesse ao vizinho.

Sem que exista projeto político de uma união ibérica, discussão revela preponderância espanhola no mercado português

VITORINO CORAGEM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LISBOA

Quase metade dos espanhóis e um em cada quatro portugueses defendem que Portugal e Espanha deveriam ser um país único. Estas são as principais conclusões de duas pesquisas realizadas em outubro nos dois países. Sem projeto político que aponte uma união ibérica, os resultados despertaram polêmica. Portugal vive uma grave crise econômica e as empresas espanholas marcam cada vez mais presença no país.
Depois de mais de 800 anos da independência e de várias lutas pela soberania, 27,7% dos portugueses inquiridos pela pesquisa do semanário "Sol" gostariam que os dois países se unissem, vivendo em regime republicano (63,9%), com a capital do novo Estado em Lisboa (40,7%). O dado mais relevante desse estudo é que 96,5% acreditam que a economia cresceria mais se Portugal pertencesse ao país vizinho.
No estudo realizado na Espanha pelo instituto Ipsos para a revista "Tiempo", 45,7% dos espanhóis consultados querem a união entre Portugal e Espanha, 43% defendem que o novo país deve chamar-se Espanha, tendo Madri como capital (80%) e mantendo o regime monárquico.
Do lado português, os analistas salientam que os resultados são, sobretudo, a expressão do descontentamento diante da crise econômica que o país atravessa e não um desejo de perda de soberania.

Voltando a imigrar
Para enfrentar um déficit público de quase 7% em 2005, o premiê português José Sócrates implementou neste ano um pacote de ajuste, dando origem a inúmeras greves. O número de desempregados em Portugal não pára de subir desde 2001. Em 2005, meio milhão de pessoas inscreveram-se nos centros de emprego, um recorde.
Como conseqüência, cerca de 7.000 portugueses saíram do país, no ano passado, para trabalhar em outros países europeus. Atualmente, a comunidade portuguesa é a maior da União Européia a residir na Espanha, estando inscritos na Previdência espanhola mais de 66 mil portugueses. A região da Catalunha é a que tem mais imigrantes registrados, cerca de 22,84% do total.
A tendência também se verifica com os imigrantes
em Portugal. De acordo com o jornal "La Vanguardia", uma porcentagem significativa de ucranianos, brasileiros e africanos mudou-se para o país vizinho para fugir da crise econômica.
No que diz respeito ao custo de vida, muitos habitantes de cidades perto da fronteira fazem compras na Espanha, pois os alimentos e a gasolina são mais baratos. De acordo com a Associação de Comércio de Badajoz, 20% dos clientes do comércio espanhol das zonas fronteiriças são portugueses. O consumo de eletricidade também pune os portugueses. Os impostos para os consumidores domésticos são 18% mais caros em Portugal do que na Espanha.

Cresce dependência
A Espanha é um país composto por 17 comunidades autônomas, com diferenças culturais e lingüísticas. De acordo com a vontade de quase metade dos espanhóis, Portugal passaria a fazer parte deste xadrez, mantendo-se o regime monárquico e Madri como capital. Portugal é o quarto cliente da Espanha e esta é o seu principal fornecedor e cliente.
Desde
1986, a dependência piorou em vários setores, como bens agrícolas, indústrias alimentares, indústria química, calçado e máquinas elétricas. Basta olhar para as prateleiras de um supermercado para reparar na quantidade de produtos espanhóis, cuja presença é maior do que em qualquer outro país europeu.
Progressivamente, as empresas espanholas vão conquistando o mercado português. No mês passado, o grupo de mídia espanhol Prisa anunciou o lançamento de uma oferta pública de aquisição sobre a totalidade das ações da Media Capital, empresa portuguesa que é dona de vários meios de comunicação.
Nos últimos anos, agricultores espanhóis têm comprado terrenos no Alentejo aproveitando os preços baixos das propriedades. Ao implementar uma agricultura intensiva, conseguem criar produtos que chegam aos consumidores com preços reduzidos.
Ainda longe de ser um sonho para a maioria dos portugueses, a união entre os dois países revela-se na realidade como uma absorção econômica do mercado português por parte de "nuestros hermanos".

Folha de São Paulo, 12 de novembro de 2006”

Remetido por correio electrónico para a folha de S. Paulo a 17/11/2006, alegando o direito de resposta.

PORTUGAL / ESPANHA, eis a questão:

Não vou escrever sobre história, mas sim sobre realidades actuais, porque “a priori”, a meu ver em análise, mesmo com a paixão que o tema me assiste e com a dificuldade de aceitação de outros, a verdade factual é esta:

PORTUGAL atravessa, o que se pensa ser uma temporária crise económica, devido ao facto de as indústrias portuguesas não terem sabido acompanhar o desenvolvimento de adesão à EU (União Europeia), não saberem competir no mercado Europeu, nem terem previsto a agressividade do mercado espanhol “em paredes meias”, sem estabelecer métodos de concorrência eficazes. Os consequentes governos portugueses também não souberam dirigir e criar infra-estruturas educacionais de desenvolvimento, mas daí até que Portugal perca a sua independência como País, está tão distante como de os Argentinos ou os demais países da América Latina, nomeadamente a polémica Venezuela, invadirem o Brasil.

A ESPANHA atravessa há muito uma emergente crise política originária das regiões autónomas, da Catalunha, do País Basco e da Galiza, que pretendem ser independentes politicamente do que ainda se poderá chamar de Espanha; embora já sejam autónomas como regiões económicas e administrativas, com senado próprio, línguas e universidades de ensino independentes do castelhano, não são unas, não só porque a Espanha é uma união de países conquistados, ocupados por Castela, mas também porque estes independentistas – contestatários de longa data - não querem continuar a ser dominados por uma monarquia periclitante que sem ser decadente como a inglesa é o símbolo emblemático de uma união de coisa nenhuma, ou seja, na “opinião monárquica” será a garantia representativa ancestral – inquisitorial - da ligação das regiões problemáticas da dita Espanha, cujos povos, sobretudo, aspiram a uma independência republicana.

O jornalista que escreveu isso é falacioso porque nunca em Portugal se discutiu, em sede popular ou de política, a dita “absorção” pela Espanha; é "bambo" frustrado e incompetente na sua missão jornalística, deontológica, porque não tenta ser isento ou não sabe explicar, ou melhor, não sabe e também não procura divulgar a situação geopolítica do que hipoteticamente, num futuro mais ou menos longínquo, em consequência dos conflitos político-económicos existentes e para salvaguardar um consenso europeu, poderão vir a constituir-se os Estados Unidos da Ibéria (longínquo é o sonho). Conceito evolucionista e aceitável, sem demagogias nacionalistas nem perdas de independência.

De facto esse inusitado inquérito foi realizado, divulgado e largamente debatido na TV portuguesa e noutros órgãos de informação, por portugueses e espanhóis, inclusive num horário nobre da TV., (Prós e Contras) com a presença extraordinária do ex-primeiro ministro de Espanha, José Maria Aznar.

Não é verdade que os Portugueses queiram ser espanhóis, querem apenas viver melhor e manter a sua portugalidade. Aqueles - los castellanos y andaluces - que por recordações históricas, goradas, sempre pretenderam ser senhores da Península Ibérica, hegemonicamente, sem quererem deixar de olhar para o umbigo – sem fazer chichi nos sapatos - logram ver que dentro das suas portas se geram separatismos graves insanáveis.

Para quase terminar, esclarecendo: o povo das regiões da Galiza, Catalunha e País Basco, diz abertamente que inveja Portugal por ter sabido sacudir os parasitas a seu devido tempo, mais precisamente desde 1 de Dezembro 1640, cuja Catalunha, na mesma altura, sem ser “por acaso” também se tornou independente, apenas por uma semana.

Muito menos, seria plausível que dentro duma União Europeia, ainda exclusivamente económica, sem constituição à vista (a), mas possivelmente a caminhar, quem sabe, para uma confederação ou federalismo, se gerasse uma crise tão grave como a absorção e dominação de uma cultura bem vincada como é a Portuguesa, por outra, vizinha, que se encontra contestante e duvidosamente alicerçada na sua própria integridade.

O governo de Aznar e agora o de Zapatero ainda não conseguiu resolver o grave problema das regiões de Espanha e, embora a ETA tenha recentemente concordado com um período de paz podre está supostamente longe do dia da consolidação. Essa gente de Espanha que protagoniza essa ocupação tem mais olhos do que barriga, querem mais do que podem suportar e julgam que é com condições da liberdade – sine qua none - e repressão da moderna ditadura da democracia, (manipulação das massas) já assim denominada, que se consegue dominar o indominável. Lá vão eles cantando e rindo, assim, dançando o flamengo na sua ilusão de poder “barroco”, pretendendo faze-lo sub-repticiamente pela artimanha e desedificação. Domínio que nunca concretizaram no campo de batalha pela força das armas, que é ainda, sem dúvida, a única forma sobejamente conhecida de dominar… ou que “vã glória de mandar”.

Está tão longe de a Espanha ocupar Portugal pela paz, mesmo com recurso à desinformação, como da França ou da Inglaterra ocuparem a Espanha e, embora uma pequena parte do País Basco e da Catalunha pertençam a França; de a Irlanda e Gibraltar estarem ocupadas pela Inglaterra; de Olivença pela Espanha, é suposto resolverem-se estes problemas numa Europa com futuro e não de criar outros ainda mais gravosos e insustentáveis. É preferível também que a Europa se consolide pela concordância e não por ideologias nacionalistas animalescas, originárias de “diarreias” mentais obsoletas.

Outros factos políticos terão que se contemplar: É que as regiões independentes da Galiza, P. Basco e Catalunha são o suporte e a garantia económica da dita Espanha, com as maiores indústrias pesadas da Europa e com o maior rendimento per capita, contrastando com a pobreza de Castela e da desértica Andaluzia. Portugal seria para esses “Espanholitos chauvinistas” a porta do Atlântico que nunca tiveram e, bem assim, ainda, com a pretensa ocupação gratuita das regiões Portuguesas da Madeira e dos Açores, posicionadas estrategicamente no meio do Atlântico. Tudo de borla a belo prazer e mão beijada para os “nuestros hermanos”.

Nem sequer podem imaginar eles, mesmo com a experiência da ETA e dos turras da Al-Qaeda, do que lhes poderia acontecer se, mesmo com a ajuda dos habituais “portugas traidores”, ocupassem inadvertidamente a região da Lusitânia. Já esqueceram “the Invincible Fleet” e a recente guerra civil. Não pensem acidentalmente esses portugueses “reviralhistas” pró-espanhóis que teriam oportunidades excepcionais num território ocupado por Castela, pois tal nunca aconteceria e, caso o pensem, que procurem informar-se das situações segregacionistas dos povos ocupados por Castela. Para que não aleguem tendenciosismo de opinião, basta que o façam aos catalães - sem necessidade de chamar os bascos à barra das opiniões – ficariam inevitavelmente surpreendidos.

Lá diz o velho ditado popular português; “de Espanha nem bons ventos, nem bons casamentos”.

Citando o grande Marquês de Pombal, para delimitar vontades cegas, que a uma dessas ameaças respondeu prontamente aos espanhóis: “Para tirar de casa um Português, mesmo depois de morto, seriam precisos quatro espanhóis”. Continuando ainda como válida a advertência que nesse tempo foi assim bem eloquente, o Sr. Marquês, que é como quem diz “entrar es fácil, irse es que es peor.”

Portugal atravessa agora uma crise, como outras que atravessou ao longo da sua história e saiu delas, nomeadamente quando pela força das armas expulsou os Filipes de Espanha – sacudiu o pó - e, bem assim, como a outros países que também ocuparam e pilharam Portugal como a França e a Inglaterra. Eles também tiveram as suas crises económicas e nem por isso perderam a sua independência territorial.

A esperança, que nunca deve morrer, (ficou na caixa de Pandora) sem utopias, é que a Europa se consolide pela paz até aos Urais. Com esta união, seria o culminar da formação da EU; que a América Latina se una num mercado certo, num “verdadeiro” MERCOSUL; que a África se desenvolva nas suas potencialidades culturais e económicas; que a Ásia se desenvolva, sem desrespeitar a suas culturas religiosas; que a Oceânia continue no bom caminho e finalmente que os USA pensem que o planeta tem outras gentes diferentes, mas iguais.

A globalização é uma consequência inevitável e, sendo assim, que seja essencialmente pacífica e sem fantasmas xenofóbicos, nietzscheanos, neste inicio do século XXI, com respeito pelas diferenças e igualdade de direitos; que seja o próximo grande passo da humanidade para uma vivência comum nesta nave espacial “Terra” que um dia poderá contactar outras formas de vida inteligentes, porventura existentes no espaço sideral.

Montijo, 17 Novembro de 2006

José Douradinha

(a) A Europa, Pelo Tratado de Lisboa, de 17/10/2007, após ratificação dos 27 países, terá nova reformulação.

POST SCRIPTUM : O Tratado de Lisboa, oficialmente assinado pelos 27 Chefes de Estado e de Governo em 13 de Dezembro de 2007, entrou em vigor em 1 de Dezembro de 2009, após ter sido ratificado por todos os Estados-Membros.

http://europa.eu/lisbon_treaty/countries/index_pt.htm

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