terça-feira, agosto 31

CONCEITOS E PRECONCEITOS


A inteligência pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planear, resolver problemas, abstrair, compreender ideias e linguagens, aprender e apreender. Embora pessoas leigas geralmente percebam o conceito de inteligência sob um intuito muito maior, na Psicologia, o estudo da inteligência geralmente entende que este conceito não compreende a criatividade, a personalidade, o carácter ou a sabedoria.
Existem dois "consensos" de definição de inteligência. O primeiro, de “Intelligence: Knowns and Unknowns”, um relatório de uma equipe, congregado pela Associação Americana de Psicologia em 1995:
“Os indivíduos diferem na habilidade de entender ideias complexas, de se adaptar com eficácia ao ambiente, de aprender com a experiência, de se engajar nas várias formas de raciocínio, de superar obstáculos mediante o pensamento. Embora tais diferenças individuais possam ser substanciais, nunca são completamente consistentes: o desempenho intelectual de uma dada pessoa vai variar em ocasiões distintas, em domínios distintos, a se julgar por critérios distintos. Os conceitos de “inteligência” são tentativas de aclarar e organizar este conjunto complexo de fenómenos.”
Uma segunda definição de inteligência vem de “Mainstream Science on Intelligence”, que foi assinada por 52 pesquisadores em inteligência, em 1994:
"Uma capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas, envolve a habilidade de raciocinar, planear, resolver problemas, pensar de forma abstracta, compreender ideias complexas, aprender rápido e aprender com a experiência. Não é uma mera aprendizagem literária, uma habilidade estritamente académica ou um talento para sair-se bem em provas. Ao contrário disso, o conceito refere-se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta – “pegar no ar”, “pegar” o sentido das coisas ou “perceber”"
Leituras relacionadas:
Herrnstein and Murray: "...habilidade cognitiva.";
Sternberg and Salter: "...comportamento adaptativo orientado a metas.";
Saulo Vallory: "...habilidade de intencionalmente reorganizar informações para inferir novos conhecimentos.".

Inteligência emocional é um conjunto específico de aptidões utilizadas no processamento e conhecimento das informações relacionadas à emoção. Na história da psicologia moderna o termo “inteligência emocional” expressa um estágio na evolução do pensamento humano: a capacidade de sentir, entender, controlar e modificar o estado emocional próprio ou de outra pessoa de forma organizada.
O termo inteligência animal refere-se às capacidades cognitivas dos animais não humanos, tais como a capacidade de criar ferramentas, mapas mentais e o planeamento consciente, que por tempos tinha sido considerado uma faculdade exclusiva dos seres humanos.
Cognição é o acto ou processo de conhecer, que envolve atenção,  percepção,  memória, raciocínio,  juízo,  imaginação,  pensamento e linguagem.
A tourada é um espectáculo tradicional de Portugal, Espanha e França, bem comum de alguns países da América Latina: México, Colômbia, Peru, Venezuela e Guatemala. O essencial do espectáculo consiste na lide de touros bravos através de técnicas conhecidas como arte tauromáquica. No Brasil, em Porto Alegre houve tanto corridas de touros como touradas numa praça de touros situada no Campo da Redenção, que hoje abriga o parque de mesmo nome. Havia praças de touros em São Paulo, Santos, Cuiabá, Curitiba,  Salvador e Rio de Janeiro, então capital nacional. Nela em 1922, durante as festividades do centenário da independência realizaram-se touradas com registo cinematográfico. Foram proibidas em 1934 por Getúlio Vargas, juntamente com as lutas de galos; só não conseguiu acabar com o rodeio que faz parte de uma cultura muito à “cawboyada made Texas in imitation of states”. Os bois que não são bravos como os touros ibéricos ou os miuras, para darem aqueles pinotes, são violentamente atados nos testículos que os esmaga com uma cinta,  apertada no momento da abertura da cancela. O rodeio faz parte da cultura americana, é um "desporto" competitivo, que surgiu das práticas de trabalho de criação de gado na Espanha, México, e depois os Estados Unidos, Canadá, América do Sul e Austrália.


Em Portugal as touradas foram proibidas no tempo do Marquês de Pombal, após uma em que faleceu uma grande figura nobiliárquica estimada pelo monarca D. José. Voltaram a ser permitidas anos mais tarde, mas sendo proibidos os chamados touros de morte, onde o touro não pode ser morto em praça pública. Em 2002 a lei foi alterada para permitir os touros de morte em locais justificados pela tradição, como na vila de Barrancos.

Estas considerações fastidiosas, preambulares, terão obviamente a ver com os preconceitos que muitas vezes se têm sobre um determinado assunto isoladamente criterioso sem o contexto global dos temas abordantes:

Pessoalmente estou muito mais preocupado com a extinção sistemática das espécies naturais terrestres e marítimas, com o desaparecimento galopante das calotes polares; das florestas, com principal destaque da Amazónia; a degradação dos oceanos; com a falta de água potável em países "não periféricos"; o aquecimento/arrefecimento global .
O touro e o cavalo de toureio Lusitano só se extinguirão se deixarem de haver as ditas “touradas” bem assim, como as demais actividades circundantes próprias que culminam num espectáculo apreciado por uns e contestado por outros. Certamente ninguém ignora que um bife ou um Hambúrguer da McDonald's tem a sua proveniência de um animal abatido, diferindo apenas na forma de ser em público ou não. Nunca ouvi ninguém pronunciar-se contra a matança "do Porco":

Matanças com sangramento em público, em festas populares religiosas de proveniência pagã, talvez porque o porco não detenha tanto direito a ser defendido pelos tais grupos de defesa dos animais, nem os ouvi nunca debaterem-se contra a caça e o tiro ao alvo aos pombos; nem contra os animais domésticos abandonados em período de férias... Sejamos sinceros...! Os touros dão mais protagonismo televisivo.
     
Sou contra o aborto porque considero que a vida é um inalienável direito universal, indissociável que se inícia quando o espermatozóide fecunda o óvulo, mas para muita gente contra as touradas, em Portugal a vida só começa após a décima semana de gestação... Incongruências...?! As estatísticas revelam que a população portuguesa está irremediavelmente e envelhecer e que há mais mortes que nascimentos.   
Da mesma forma contesto o modo como muita gente mantém um animal de estimação (normalmente gato ou cão) tratado como um ser humano, ignora as necessidades desses animais e a vida de outros humanos, crianças, que vivem como animais. Está provado, cientificamente, que um animal tratado como um ser humano perde a sua identidade e torna-se muitas vezes agressivo, com comportamentos impróprios da sua espécie; da mesma forma os jardins zoológicos hoje considerados por muitos, o espectáculo de visitas guiadas, é um bem por mal necessário “da preservação das espécies” em extinção por causa exclusiva da acção humana. Os golfinhos e em especial as orcas suicidam-se em cativeiro, afogando-se ou atacam gravemente os seus "treinadores". Há animais que não conseguem reproduzir-se em cativeiro, nos "jardins zoológicos", mas, disto nunca ouvi reclamações desses emergentes grupos de defesa dos touros. Touros e cavalos que só existem porque há touradas e, só para isso, é que são seleccionadas as suas castas.
Todos os intervenientes nas touradas - cavaleiros, toureiros ou pegadores - sabem os riscos que correm.

Todos vamos com gáudio, acompanhados da prole, assistir a espectáculos circenses de animais "selvagens" que, por muito bem tratados que sejam, estão em cativeiro e não no seu ambiente natural, em liberdade, em contraste com o touro bravo que vive em liberdade nas lezírias e só é sacrificado no derradeiro dia, do atribuido “bárbaro” espectáculo.


Não é este tema, do filme "O Mundo Cão"?!   
Há que conhecer o mundo dos homens e a sua história, no contexto objectivo, holístico, lógico da actualidade e tentar compreender o futuro nesse mesmo contexto, sem tomar considerações completamente desinseridas das realidades sociais do mundo em que vivemos.   
Obvia e objectimente excluo destas considerações os seguidores de Buda, os vegetarianos naturalistas e, inequivocamente os da Greenpeace que lutam com perigo de vida pela defesa do Planeta e dos animais em extinção.

quinta-feira, agosto 5

HISTÓRIAS DEBAIXO D’AGUA, NO MAR VERMELHO



Num dos nossos mergulhos no Mar Vermelho, quase perto da fronteira do Sudão, junto a um banco de Coral, ancorados, fomos impedidos de mergulhar por causa dos tubarões.
O Ali “هناك ” que era o cozinheiro e “faz de tudo” a bordo, o "imediato" do comandante, tinha começado à pesca para o nosso almoço. Tinha duas fases: primeiro tentava pescar de bordo um peixe pequeno que serviria de isco e, depois, com esse tentava apanhar um maior, quase sempre uma ou duas grandes corvinas; na segunda fase da pesca, enquanto a gente se equipava ele colocava uns óculos com um tubo de respiração, barbatanas e, na superfície, escolhia a peixe, colocando-lhe o isco em frente dos olhos. Escusado será dizer que a extremidade da linha estava presa à embarcação, não fosse a corvina leva-lo de arrasto. Mas, desta vez foi pior porque um tubarão comeu parte da corvina presa ao anzol e pouco tempo decorrido era já um cardume de tubarões em frenesim devorador. Fomos então dali para outro local para efectuarmos o mergulho, sem o perigo de fazermos parte do almoço dos predadores.
Conclusão: ver tubarões é uma coisa, despertar-lhes o apetite é diferente.