quarta-feira, julho 21

HISTÓRIAS DEBAIXO DE ÁGUA


No dia 5 de Junho de 1992 ocorreu um mergulho muito espacial, único por nunca mais se ter repetido.
Encontrava-se em Portugal, no âmbito da colaboração da Nato, um Helicóptero das forças armadas Belgas, com pessoal especializado em salvamentos no Mar do Norte, (a coisa aí é muito feia, ouvi dizer) com doze tripulantes a bordo, mais ou menos, idêntico aos EH-101 Merlin, que Portugal possui agora nas suas Forças Armadas.
Uma semana antes fui convidado por um Sargento do Grupo de Salvamento, dos helicópteros Puma, da Base Aérea de Montijo, o Sérgio, meu amigo e companheiro do mundo submerso, para os acompanhar num mergulho a efectuar em local ainda não especificado e que seria oportunamente escolhido consoante as condições meteorológicas e as minhas possíveis referências, porque o primeiro e o segundo comandantes, por mero exercício, queriam conhecer os fundos submarinos de Portugal.
Fui escolhido para ser o guia turístico submarino.
Foi marcada a partida para as nove horas da manhã do dia acima indicado, com todo o equipamento de mergulho no hangar dos helicópteros da Base Aérea nº 6 de Montijo. Fui no carro do sargento para não ter que justificar a minha entrada na porta com todos os inconvenientes de revista e autorizações que já estavam dadas a nível de comando.
Pontualidade militar e, exactamente à hora prevista estava o helicóptero a levantar voo, inicialmente com rumo às Berlengas, Farilhões ou Estelas mas, à última hora, a previsão meteorológica era desfavorável para esses lados. Por conhecimento referi que o mar a Sul, para o Algarve podia estar melhor. Assim foi. Rumámos ao Algarve. O Local escolhido foi a pedra do Cajado a pouca distância de Sagres e onde eu já tinha mergulhado, indo de barco. É uma Pedra que sobressai do mar, com cerca de vinte metros do nível do mar, da profundidade de trinta metros e que se situa a cerca de duas milhas náuticas a W de Sagres, assim chamada porque tem essa configuração.
Chegados ao local, cerca de quarenta e cinco minutos depois da partida e já estávamos a ser colocados no mar pelo guincho do helicóptero que nos deixou ficar e foi reabastecer-se ao aeroporto de Faro.
Findo o mergulho com quatro mergulhadores, durante trinta minutos, quando emergimos já o helicóptero se estava a aproximar do local. Fomos içados pelo guincho, voltámos a Faro para cumprir formalidades militares mas, quando eram 17,00h., já eu estava em casa a lavar o material e a prepará-lo para a próxima submersão.
Em termos normais, cogitava eu, teria sido um dia para ir, outro para ficar e o terceiro para voltar. Resumindo em cerca de oito horas fizemos um mergulho que teve o receptivo conveniente de os tripulantes do helicóptero belga jantarem lagosta portuguesa. 
Falta-me encontrar esses slides que um dia próximo vou publicar no blogue "AS MINHAS FOTOGRAFIAS.

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