sábado, junho 19

UM MERGULHO NOCTURNO ESPECIAL

Imagem de Sesimbra
Depois do meu barco denominado Calypso (diesel, costeiro, de 12x4m e 6,5T de arqueação bruta) que foi vendido por bom preço, por causa da sua dispendiosa manutenção adquiri um barco de fibra de vidro com cerca de 3,60mt., equipado com um motor Chrysler de 9,9cv. com reboque atrelado ao carro, ao qual atribuí o nome de Calypso II.
Embora a Chrysler tivesse cancelado a exportação de motores marítimos para Portugal e não houvesse peças de substituição, aquele motor resistiu a tudo.

No barco tinha as duas bandeiras de sinalização de mergulho, e um cabo de âncora com cerca de 40 metros. Mais que uma vez esse barco transportou quatro mergulhadores com os seus respectivos equipamentos, quase sempre de Sesimbra, mas também de Peniche, Sagres e Sines, porque Sesimbra é mais perto e porque o porto tinha e continua a ter uma boa logística, com rampa para embarcações. Nesse tempo ainda ali funcionava o estaleiro de construção naval. 
O Estaleiro naval antigo - Sesimbra
Para essa noite combinei com um amigo habitual e lá fomos os dois fazer um mergulho nocturno na chamada “pedra do meio” a 12mt de profundidade, sem que antes não tivéssemos esquecido que as bandeiras à noite não se vêm e por isso predispusemos uma lanterna de campismo acesa, de modo visível, para localização da embarcação à superfície, depois do mergulho. 
Andámos pelo fundo, até que o ar engarrafado e a luz das lanternas deram o sinal de esgotamento. Emergimos e quando procurámos pela embarcação, veio a surpresa... não se via! Roubaram o barco, disse eu. 
A corrente era forte, de vazante, e a distância era grande, tínhamo-nos desviado para fora e estávamos e ser lavados para Oeste. Tentámos nadar na direcção de terra mas com o equipamento às costas era muito difícil e não conseguíamos sair do mesmo sítio. Até que o meu companheiro disse: - Olha, o barco está além… De facto estava, mas a luz da embarcação, confundia-se com as luzes de terra.
Vista do mar - Sesimbra
Mas uma onda mais vigorosa, providencial, balançou o barco e deu para diferenciar das luzes de terra. Agora punha-se outra dificuldade, que era chegar até ele…
Solução de oportunidade, rápida, com mútuo acordo. Tirei todo o material de mergulho que pendurei no colete insuflado e entreguei-o ao meu companheiro que ficou ali, à minha espera e, assim, nadando com barbatanas, vigorosamente, consegui vencer a corrente e chegar ao barco. Foi a solução mais viável. Restava agora recolher o meu companheiro. Quando tentei avistá-lo, não foi à primeira tentativa, ele já estava longe, levado pela corrente; mas com a luz da lanterna dele, morrediça, em movimento, mas ainda sinalizante, lá o avistei. Já era madrugada quando voltámos.   
   

1 comentário:

Joao Augusto Aldeia disse...

A foto que tem como legenda "Estaleiro naval antigo" é, na realidade, do estaleiro naval actual (antigamente, este era o local da Praia de Agua Doce) e tem a traineira Tainha ainda com as boias de flutuação com que foi resgatada de um naufrágio, há poucos anos.